segunda-feira, 9 de julho de 2007

URSS, a primeira campeã do Sub-20

Há exatos 30 anos, em 10 de julho de 1977, México e União Soviética entraram em campo para fazer a primeira final da história do Campeonato Mundial Sub-20 - ou Mundial de Juniores, como o certame era conhecido na época. O título ficou com os soviéticos, que venceram os mexicanos nos pênaltis num dramático 9x8, após 2x2 no tempo normal. Um jogaço, que marcou um time e um campeonato que entraram para a história.

O Mundial Sub-20 foi uma das primeiras competições que João Havelange promoveu em seu mandato como presidente da FIFA. A Federação, é bom lembrar, viveu seu verdadeiro boom sob o comando do brasileiro, e em parte devido a inciativas como essa - mundiais das categorias de base, que levam a nações com menos tradição futebolística a disputar uma competição internacional. E, além disso, um evento desse é mais uma oportunidade de obter recursos, patrocínios e de quebra fazer uma média com as federações locais.

Então decidiu-se que 1977 seria o ano do primeiro Mundial Sub-20. O país-sede escolhido foi a Tunísia - que assim se tornava a primeira nação africana a receber um torneio internacional da FIFA, algo que só ocorreria pela segunda vez vinte anos depois, quando o Egito recebeu o Mundial Sub-17.

Participaram do campeonato 16 times. Além dos donos da casa, estiveram no torneio México, Espanha, França, Honduras, Uruguai, Marrocos, Hungria, Itália, Irã, Costa do Marfim, URSS, Paraguai, Iraque, Áustria e o Brasil - cujo nome de maior expressão, olhando 30 anos depois, é o "artilheiro de Deus", Baltazar, centroavante que atuou por Goiás, Botafogo e outros times.

O regulamento dividia os times em grupos de quatro equipes e os campeões de cada chave avançariam para as semifinais. A URSS compôs o Grupo D com Paraguai, Iraque e Áustria, e os jogos seriam mandados na cidade de Sfax. Nas primeiras partidas, vitórias sobre Iraque (3x1) e Paraguai (2x1); o 0x0 na terceira rodada com os austríacos confirmou a passagem da União Soviética.

O adversário das semis seria o Uruguai. A seleção celeste trazia dois jogadores que se tornariam célebres nos anos seguintes - Hugo de León e Ruben Páz - e havia vencido seus três jogos na primeira fase. Previa-se uma partida dura e foi o que aconteceu. Nada de gols no tempo normal e na prorrogação; e aí conheceria-se uma das principais armas secretas da seleção soviética.

Tratava-se do goleiro Yuri Sivuha. Ele era reserva de Aleksandre Novikov mas tinha fama de pegador de pênaltis. Então o treinador Serguel Massiaguine resolveu ousar. Tirou Novikov na metade da prorrogação, antevendo as penalidades, e a idéia deu certo. URSS 4x3, e os soviéticos chegavam para a final, onde enfrentariam o México, que despachara também nos pênaltis o Brasil.

A decisão foi das mais emocionantes. Após um primeiro tempo sem gols, os times resolveram ir ao ataque e foram às redes três vezes em nove minutos. Fernando Garduno abriu o placar aos 5 do primeiro tempo, Vladmir Bessonov empatou para a URSS dois minutos depois e, aos 14, Agustin Manzo deixou os mexicanos novamente à frente.

E quando os mexicanos preparavam-se para celebrar a conquista, mais uma vez o craque Bessonov empatou o marcador - aos 43 do segundo tempo. Empate e, mais uma vez, os times encarariam a prorrogação.

Nada de gols no tempo extra. E quando a partida já caminhava para as penalidades, quem entrou em cena? Ele mesmo, Yuri Sivuha. Foi para o jogo novamente e, mais uma vez, foi o herói. A URSS venceu por 9-8 e sagrou-se a primeira campeã mundial sub-20.

Vladmir Bessonov entrou para a história como o grande craque daquele time. Ele jogou praticamente toda a sua carreira no Dínamo de Kiev e disputou três Copas pela seleção da URSS. Outros campeões mundiais que tiveram uma carreira de destaque foram o zagueiro Sergei Baltacha e o meio-campista Andriy Bal.

URSS, campeã mundial sub-20 de 1977

Time base:
Novikov; Kriachko, Baltacha, Kaplun e Iljin; Bessonov, Khidiyatullin e Bal; Bychov, Petrakov e Bodrov.

Técnico:
Serguel Massiaguine

A estrela:
Vladmir Bessonov

A campanha do título:
3x1 Iraque (Petrakov (2) e Bal)
2x1 Paraguai (Khidiyatullin e Bessonov)
0x0 Áustria
0 (4) x (3) 0 Uruguai
2 (9) x (8) 2 México (Bessonov (2))

Curiosidade: na decisão, um dos bandeirinhas era ninguém menos que Arnaldo César Coelho.

Foto: FIFA

Um comentário:

Glauco disse...

Trocar o goleiro por um especialista em penalidades é uma ousadia, mas também acaba dando moral pro outro time no tempo normal. Já vi fazerem isso antes, sem sucesso. Acho que o técnico soviético deu muita sorte, até porque a diferença foi de um gol somente.